NA VÉSPERA DE NÃO PARTIR NUNCA
Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel
Para o partir ainda livre do dia a seguir
Não há nada que fazer
Por isto tudo e por ter pensado em tudo
É ter chegado a nada
Grande sossego de não ter sossego
Tranquilidade a que nem sabe encolher os ombros
Grande alegria de não ter de ser alegre todos os dias é véspera de não partir nunca
Como uma oportunidade virada do avesso
À quanto tempo vivo a vida do pensamento
Que prazer olhar p'rás malas
Como olhando p'ra nada
Por isto tudo por ter pensado em tudo
É ter chegado a nada
Grande sossego de não ter sossego
Tranquilidade a que nem sabe encolher os ombros
Grande alegria de não Ter de ser alegre todos os dias é véspera de não partir nunca
Poema de Álvaro de Campos interpretado por Margarida Pinto
fotografia www.olhares.com
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