Sunday, May 01, 2005

Margarida Pinto - Apontamento

A minha alma partiu-se como
um vaso vazio
Caiu pela escada excessivamente abaixo
Caiu das mãos da criada descuidada caiu
E eu fiz-me em mais pedaços que loiça que havia no vaso .

Fiz barulho na queda
Como um vaso que se partia
E os Deuses que há
Debruçam-se da escada e sorriem à criada
Não se zanguem com ela
São tolerantes com ela .

Asneira ?Impossível ? Sei lá !
Tenho mais sensações que quando me sentia eu !

A minha alma partiu-se como
um vaso vazio
caiu pela escada excessivamente abaixo
Debruçam-se da escada e sorriem à cirada
Não se zangem com ele
São tolerantes

A minha alma partiu-se como
um vaso vazio , caiu
partiu-se caiu

O que era eu - um vaso vazio ?

Alastra a escadaria atapetada de estrelas
Ao fundo um caco brilha, entre os astros
A minha obra ? A minha alma principal ?
A minha vida
E os Deuses olham-na por não saberem porque ficou ali .


do poema de Álvaro de Campos cantado por Margarida Pinto

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